sábado, 26 de fevereiro de 2011

Micro-ônibus capota na BR 406 e deixa 9 feridos

Acidente - Natal e Cearamirim


O capotamento de um micro-ônibus de placas MXT 2282 por volta das 11h deste sábado, na BR 406, que liga Natal a Ceará-Mirim, deixou 9 feridos. No momento do acidente, o veículo trafegava com capacidade máxima de passageiros, 21 pessoas sentadas e três em pé.








Entre viaturas da PRF e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ao todo sete ambulâncias foram ao local para trabalhar no atendimento emergencial das vítimas. Os passageiros feridos foram encaminhados para o hospital Walfredo Gurgel. Segundo os profissionais socorristas, ainda não é possível afirmar se alguém sofreu danos mais graves.
Conforme conta o cobrador do transporte, José Carvalho, o veículo capotou após um desvio brusco feito pelo motorista para desviar de um pedestre que atravessa a rua.

Fonte:Tribuna do Norte
 

Direção do Walfredo Gurgel renuncia

Saúde - RN


Ricardo Araújo - repórter


Cinco dos seis cargos de chefia do maior hospital de emergências do Rio Grande do Norte, o Walfredo Gurgel, serão ocupados por novos gestores. Ontem, a médica e diretora-geral da unidade, Hélida Bezerra, anunciou a saída dela e mais quatro diretores: Cláudio Guzzo, direção técnica; Marleide Alves, direção médica; Fátima Pereira, direção do pronto-socorro Clóvis Sarinho e Graciliano Antão, diretor administrativo. Segundo Hélida Bezerra, a decisão foi tomada conjuntamente e reflete a falta de apoio do secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, às questões que envolvem o maior complexo hospitalar estadual.

Pacientes em macas nos corredores do Hospital Walfredo Gurgel são uma das chagas da saúde pública do Rio Grande do Norte

Apesar do anúncio, a direção será mantida até a nomeação dos novos diretores e publicação das exonerações no Diário Oficial do Estado. Até a entrega oficial dos cargos, a direção do hospital terá de buscar mais de R$ 4 milhões em recursos junto à Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) para quitar as dívidas do ano de 2010, além de solicitar informações sobre a estimativa orçamentária para 2011. Até ontem, o hospital não havia recebido um centavo em repasses e os problemas de desabastecimento começaram a voltar à tona. O almoxarifado do complexo está desabastecido de seringas, gazes e esparadrapo. O problema atinge, também, o hospital Ruy Pereira, gerido pela Sesap.
Para Hélida Bezerra, o principal motivou que culminou na renúncia dos diretores, foi a falta de abertura para diálogo do secretário Domício Arruda. “O que definiu nossa conduta foi a negativa do secretário em nos apoiar. Num primeiro momento, queríamos apoio nas decisões. O que ia além dos repasses de verbas. Ele não nos procurou para discutir questões básicas de saúde”, analisou a médica. Para ela, Domício não depositou confiança no trabalho da equipe que ainda está à frente do Walfredo Gurgel.
Questionada sobre os demais motivos que levaram cinco diretores de um mesmo hospital a renunciar os cargos, Hélida para, pensa e com os olhos lacrimejados responde: frustração. “Nós saímos da inércia e fizemos muito por este hospital. As dificuldades estão muito enraizadas e não mudamos esta realidade da noite para o dia. Fizemos o que estava ao nosso alcance”, enfatiza.


Desligamento


Em nota, os diretores listaram os dois maiores obstáculos que se colocaram como fatores adversos ao processo de qualificação assistencial no Walfredo Gurgel. São eles:
A indefinição do perfil assistencial do Hospital, que dificulta o processo administrativo (aquisição de material médico hospitalar, insumos, medicamentos e dimensionamento de pessoal);
A inexistência de um Complexo de Regulação para o atendimento de urgência, organização e oferta de leitos, exames e consultas especializadas, implicando no entendimento confuso do princípio da “vaga zero” e impondo ao hospital de 268, por vezes, mais de 350 pacientes, dos quais 90 pacientes estão “internados” em macas no Pronto-Socorro e um número considerável de enfermos à espera de leitos de UTI.


Ministério aloca verba para hospitais federais


O Ministério da Saúde anunciou ontem repasse de R$ 4,6 milhões destinados à reestruturação e revitalização de quatro hospitais federais universitários no Rio Grande do Norte. A maior fatia vai para o Hospital Universitário Onofre Lopes, que receberá R$ 2,9 milhões. Para a Maternidade Januário Cicco serão destinados R$ 1,2 milhões; Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz, R$ 345,5 mil e Hospital de Pediatria Professor Heriberto Bezerra, em Natal, R$ 119 mil.
Para todo o Brasil, as liberações totalizam R$ 200 milhões. Com esta parcela, liberada por meio de portaria (nº 295) publicada no Diário Oficial da União de ontem, o governo federal totaliza um investimento de R$ 300 milhões para estes hospitais, cuja primeira parte do pacote de recursos foi enviada no segundo semestre do ano passado.
Os R$ 200 milhões serão repassados aos Estados, Municípios e ao Distrito Federal em três parcelas – de março até maio – por meio do Fundo Nacional de Saúde (FNS) e dentro do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Os valores serão incorporados aos contratos de metas estabelecidos entre as secretarias estaduais e municipais de saúde com os respectivos gestores das unidades beneficiadas.
Os hospitais universitários federais são unidades suplementares às universidades. O financiamento deles é compartilhado, paritariamente, entre as áreas de Saúde e da Educação, em um sistema de pactuação que ainda inclui o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Na assistência à saúde da população, os hospitais universitários são considerados unidades de referência em serviços de média e alta complexidades como também em consultas, exames e cirurgias em diferentes especialidades.

O Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) foi instituído em 27 de janeiro de 2010, por Decreto Presidencial. O Rehuf tem como objetivo criar condições materiais e institucionais para que os hospitais universitários possam desempenhar plenamente suas funções em relação às dimensões de ensino, pesquisa e extensão, além da assistência à saúde. Por meio do programa, o governo federal conta com mecanismos adequados para o financiamento progressivo (até 2012) dessas unidades hospitalares.


Secretário assume gestão de hospital


O secretário estadual da Saúde Pública, Domício Arruda, participou de uma reunião no final da tarde de ontem no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) com técnicos e chefes de setores. O secretário veio se inteirar sobre a situação do hospital após a renúncia da diretoria. Domício se reuniu com a diretora de enfermagem do Walfredo, Mara Andrea Arruda de Almeida, com a enfermeira, Cilane Vasconcelos, com o chefe da Divisão de Farmácia, Marcos Alexandre, e com o ainda diretor administrativo, Graciliano Sena. O Samu Metropolitano também participou da discussão.
Durante a reunião, o secretário esclareceu que apenas emergencialmente ficará à frente da direção do hospital. “Se necessário, formarei, neste primeiro momento, um colegiado gestor até que o novo corpo diretivo seja definido”.
A conversa girou em torno dos problemas do Walfredo e de como o secretário irá atuar estando à frente do hospital. Uma das prioridades destacadas por ele será resolver o entrave das cirurgias eletivas de ortopedia, situação por vezes responsável pela superlotação dos corredores do Walfredo.
Oportunamente, o chefe da Divisão de Farmácia apresentou ao secretário um levantamento dos medicamentos e insumos básicos que estão sendo reabastecidos no hospital. Já a direção de enfermagem apresentou o número de pacientes atualmente internados (319).
Domício comentou ainda sobre uma conversa que teve com a governadora, Rosalba Ciarlini, e parafraseou a chefe do executivo estadual afirmando que “a saúde do Rio Grande do Norte precisa de gestão, financiamento e foco”. Após a reunião, Arruda fez uma visita aos corredores.
Questionado se o fato de assumir a diretoria do Walfredo Gurgel não configuraria acúmulo de cargo, Domício afirmou que “não havia outra coisa a fazer, pois fomos pegos de surpresa e não tinha um nome para assumir. Fiz o que precisava ser feito”. Dessa reunião, ficou definido que o Samu Metropolitano está de sobreaviso.
“Gostaria de ter para esse cargo alguém com experiência em administração hospitalar. Alguém especialista nisso. Mas se demorar a encontrar essa pessoa vou ter que nomear, interinamente, um servidor do hospital. Não tenho nomes ainda”, afirmou.


A reação do secretário de Saúde


Indiferença. Foi desta forma que Hélida Bezerra analisou a reação de Domício Arruda quando foi procurado pelo grupo para ser informado da decisão. Desde 2000 trabalhando como servidora do hospital e há quase cinco anos no quadro dos diretores, sendo os últimos dois anos como diretora-geral, Hélida afirma que esperava um comportamento diferente do secretário em relação aos problemas do Walfredo Gurgel.
Hélida comenta que, diante do histórico profissional de Domício, que foi médico e diretor do hospital, o tratamento dispensado aos problemas de infraestrutura e abastecimento do hospital fosse diferenciado. “Eu imaginei que ele fosse defender nosso hospital, nosso ponto de vista. Nossa opinião não foi levada em consideração e nos sentimos subjugados”, acrescentou.
Quando nomeado pela governadora Rosalba Ciarlini, o secretário chegou a convidar outras pessoas para assumir a direção do hospital, mas nenhuma delas aceitou. Com o sentimento de dever cumprido, Hélida, afirma que ela e os demais profissionais que entregaram os cargos fizeram o melhor possível pelos pacientes atendidos no hospital. Sobre o comportamento de Domício Arruda, ela resume seu sentimento em uma palavra: decepção.
Através da assessoria de imprensa da Sesap, o secretário foi direto e poupou palavras em seu comentário sobre a decisão dos diretores: “Estou analisando nomes e em breve comunicarei quem são”.


Unidade foi fundada há 38 anos


Fundado há quase 38 anos, os investimentos em melhorias na infraestrutura física, maquinário e de recursos humanos, foram inversamente proporcionais ao crescimento da população de Natal e, consequentemente, o próprio Rio Grande do Norte. Com 268 leitos oficiais, o hospital costuma abrigar mais de 300 pacientes entre enfermarias e corredores.
Os maiores gargalos do hospital são a falta de mais leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e uma regularização eficiente, com ampliação da oferta de intervenções cirúrgicas para os pacientes da ortopedia. Neste último caso, existem acidentados que aguardam até 30 dias, ou mais, para a liberação de uma cirurgia eletiva em hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde.

Através de uma pactuação com as prefeituras de quase todos os municípios que compõem o Rio Grande do Norte, a Prefeitura de Natal, através da Secretaria Municipal de Saúde, se comprometeu a regular as cirurgias ortopédicas, além de realizar o pagamento dos hospitais conveniados recebendo, inclusive, as verbas da Secretaria Estadual de Saúde destinadas ao convênio.
Atualmente, diante do aumento do índice de acidentes automobilísticos, causados principalmente por motocicletas, o número de leitos destinados aos pacientes de ortopedia é insuficiente. Em relação às UTIs, a situação é pior, o que ficou comprovado com a morte do menino Matheus Brito, semana passada.


Fonte:Tribuna do Norte

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Wilma diz que atual gestão não estava "preparada para governar" e explica "rombo nas contas" do RN

Politica - RN


Fred Carvalho - Editor




A ex-governadora do Rio Grande do Norte Wilma de Faria usou o Twitter na manhã desta terça-feira (22) para criticar a atual gestão estadual. Segundo Wilma, o governo de Rosalba Ciarlini "dedicou-se ate agora a atacar as gestões passadas", o que, para ela, "É uma estratégia política atrasada de quem nao estava preparada para governar o presente nem projetar o futuro do RN - como suspeitávamos".
Seguem as postagens de Wilma de Faria no Twitter pessoal dela (@wilmadefaria):


- "O atual governo do RN dedicou-se ate agora a atacar as gestões passadas..."

 
- "É uma estratégia política atrasada de quem nao estava preparada para governar o presente nem projetar o futuro do RN - como suspeitávamos".


- "Divulgaram muitas inverdades, pintaram um quadro muito alem do real, denegriram a imagem do RN no Pais..."


- "..algo que prejudica a todos porque afasta investimentos privados e oportunidades de mais emprego, de que tanto precisamos".


- "Fizeram tudo isto, mesmo sabendo que estavam prejudicando o Estado, apenas com um objetivo: eleitoreiro".


- "..De desqualificar aquilo que me diferencia de todos eles, meu maior patrimônio político: minha capacidade de trabalho -"


- "- minha marca maior. Testada, provada e comprovada em todos os meus mandatos à frente do executivo".


- "Querem me tirar do caminho deles. Não conseguirão. A democracia é feita com pluralidade".


- "Eu vou cumprir o meu papel no atual quadro político do Estado. Com plenitude e com a coragem que Deus nunca deixou me faltar".


- "Muitos estranharam meu silencio. Realmente, preferi me resguardar. Evitar um bate boca desigual..."


- "...que apenas atenderia os objetivos de quem tentou provoca-lo".


- "Preferi aguardar que os fatos falassem por si. E eles já começam a se manifestar. 'A verdade tarda mas nunca falha'".


- "Quem me conhece sabe: não sou de fugir ao debate. Comigo nada fica sem resposta. Sou mulher de responsabilidade cívica. Respeito a op. publ".


- "A partir de hoje vou estar aqui, com vocês, analisando os acontecimentos, dizendo o que penso e o que sei sobre a vida política do nosso RN".


- "Exercendo o meu papel de dirigente partidária e de oposição. Com responsabilidade mas com firmeza".


- "Vou começar enfrentando os temas que requerem esclarecimentos. Para reposição da verdade, que tem sido muito distorcida ultimamente..".


- "...de forma desigual, quase hegemônica, pela imprensa - salvo algumas exceções".


- "Vamos falar sobre o tal "rombo nas contas". Uma grande mentira!".


- "Rombo existiu no passado quando o partido que hoje governa o estado atrasava a folha dos funcionários".


- "Quando pagava menos que um salário mínimo a um servidor. Quando pagava professores com um famigerado abono que corroía seus direitos trab".


- "...Uma ilegalidade, um abuso, um absurdo. Eu nunca atrasei um só dia de pagamento a funcionário".


- "Problemas e dificuldades financeiras o Estado tem. É verdade. Há momentos em que se agrava, sim".


- "Quando assumi em 2002 a situação era muito pior. Os balanços estão ai para provar".


- "Mas fiz o meu trabalho e consegui investir, realizar grandes obras e fazer o estado crescer, gerar empregos e reduzir a pobreza".


- "É tudo uma questão de ajuste, de controle e de saber buscar os recursos. Coisa que todo governo deve fazer, principalmente no seu início".


- "Quer ver? Sabe quanto o governo arrecadou agora em Janeiro? Próximo a 600 milhões de reais. Em apenas um mês".


- "Sabe quanto gastou com a folha incluindo todos os poderes? Próximo a 200 milhões ou pouco mais do que isto".


- "Sabe quanto destinou para a divida? 25 milhoes, algo por aí".


- "Sabe quanto sobrou para custeio, programas e investimento? Mais de 200 milhões. O que esta sendo feito com este dinheiro? Boa pergunta!".


- "Vamos atras-Cade a transparência tao propalada nos discursos/por que tiraram do ar o portal que eu criei para mostrar as contas na internet?".


- "Minha gente, o novo governo esta querendo é fazer caixa. Juntar dinheiro para ficar forte...".


- "...enquadrar aliados incômodos, manobrar melhor o cenário político da forma pouco republicana a que estão acostumados".


- "Eles fazem este alarde todo para nao ter que dar aumento a funcionário...".


- "para se proteger melhor das reivindicações por mais recursos dos outros poderes, dos prefeitos pedindo convênios e obras p/seus municípios".


- "...para se desobrigar ou barrigar suas inúmeras promessas de campanha!".


Fonte:Tribuna do Norte

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Cartão SUS nunca saiu do papel

Cartão SUS - RN


Sara Vasconcelos - repórter


Saber quem está sendo atendido na rede pública de saúde, por quem, aonde, como e com quais resultados. Tudo isso com apenas um documento. É esta a proposta do cartão nacional de saúde, conhecido popularmente como cartão SUS. O sistema, criado em 1996 e implantado a partir de 1999, pelo Ministério da Saúde para garantir maior controle da prestação de serviços e qualificar o acesso dos usuários a estes, na prática, atende somente a uma finalidade: “controlar” o repasse de recursos aos municípios.

“Hoje o cartão é mais um instrumento burocrático, destinado a captação dos valores financeiros, que um mecanismo para a regulação dos atendimentos”, define a coordenadora de planejamento e regulação da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) Terezinha Guedes Rêgo. O cartão é exigido para ter acesso a exames e atendimentos de alta complexidade, custeados por verbas federais.
A desvirtuação do sistema que há onze anos prometia revolucionar o atendimento médico da rede pública de saúde - a partir da a identificação do usuário e a possibilidade real de organizar a gestão a partir das necessidades da população e dos fluxos dos usuários no interior do sistema de saúde - se deve a deficiências de estrutura e pessoal nas unidades de saúde. A precariedade se sustenta no abandono gradual de metas e atribuições por parte do próprio idealizador, o Ministério da Saúde. O órgão até hoje não institucionalizou o procedimento.


Ministério nunca normatizou emissão do documento e cortou créditos para informatização


Há cerca de três anos, lembra a coordenadora, o Ministério da Saúde extinguiu o financiamento, via Caixa Econômica Federal, para confecção dos cartões PVC (definitivos), que além do número de identificação do usuário do SUS traz o código de barras. O cartão é financiado por verba ministerial. Por unidade, o MS repassa R$ 1,00 aos municípios. As demais despesas cabe ao município.
No Rio Grande do Norte, segundo dados do DATASUS foram emitidos 3.543.521 cartões, dos quais 2.192.908 em caráter definitivo e os demais de forma provisória. O número ultrapassa a totalidade dos habitantes do Estado, embora nem todos os potiguares possuam o documento.
A conta é explicada pela coordenadora de regulação da Sesap: o número não corresponde a realidade, devido a duplicidade de registros e não cancelamento dos cartões provisórios. “É comum encontrar um usuário com até cinco cartões. Com informações diversas sobre endereço. Isso prejudica a alimentação dos dados do paciente”, afirma Terezinha Rêgo. A coordenadora avalia que para corrigir não só essa, como outras disparidades, é necessário o empenho dos três entes de governo, a partir da reformulação e institucionalização do sistema.
Em Natal, segundo informações da base de dados do SUS, o número de usuários com cartões definitivos (402 mil usuários) não chega a metade da população da capital, que é de 806 mil habitantes. O número de cartões provisórios chega a 318.877. O segundo maior município do Estado, Mossoró, tem 190 mil cartões definitivos e 138 mil provisórios, enquanto em Parnamirim, são 105 mil e 60 mil cartões emitidos, respectivamente.
Em alguns municípios a diferença entre os provisórios e definitivos são mais distantes e possivelmente mais reais. Como Goianinha, que tem 23.458 cartões definitivos e 6.400 provisórios, ou Parelhas, com 20.583 definitivos e 4.450 provisórios. Já Ipueira são 2.179 para 321 e Lagoa Salgada, 7.272 para 924, além de Pedra Grande, de 4.131 para 642.

A emissão, assim como a aquisição de equipamentos e capacitação de técnicos para fazer o cadastramento de usuários, é de competência da secretaria de saúde de cada município, sendo coordenada em nível estadual. Caberia ainda ao Ministério a aquisição de máquinas de leitura dos cartões definitivos, o que também não ocorreu. Sem o equipamento para leitura do código barras, a leitura dos dados é feita por meio de busca por nome completo e número do CPF, possibilitando a emissão descontrolada.
A coordenadora do cartão SUS da Secretaria de Saúde de Natal Suzy Attameda, não soube precisar o investimento na área referente a manutenção e reposição de equipamentos como computador, impressora, internet e o papel oficio, onde é impresso o cartão. “Até receber o permanente, o usuário aguarda cerca de três meses sem prejuízos ao atendimento. O número do provisório é suficiente para garantir acesso aos serviços”, garante.


Unidades sem estrutura para emitirem documento



De acordo com a legislação, todo brasileiro tem direito ao cartão de usuários do SUS e qualquer unidade de saúde é ponto de cadastramento e emissão. Mas quem busca o documento se depara com outro cenário. Para constatar as dificuldades, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu alguns postos de saúde em busca de fazer um cartão e encontrou o serviço suspenso em parte dos postos de saúde visitados. O motivo, as unidades não estão equipadas com computadores, impressoras, cartuchos de impressão e acesso à internet.
Mesmo sem orientação expressa, as unidades trabalham com restrição do cadastramento somente aos usuários que moram no bairro em que o posto de saúde está situado. Apesar de morar em Tirol, a repórter conseguiu fazer o cartão no posto de saúde de Nova Descoberta. Isto porque no Posto São João, da Romualdo Galvão, o cadastramento foi transferido para o Distrito Sanitário Sul, em Nova Descoberta, por não haver recursos para aquisição de cartuchos de impressão, como informou atendente.
O cartão provisório foi emitido em cerca de dez minutos, com promessa de entrega de definitivo em até 48 horas – tempo estimado para os dados serem lançados no sistema do Ministério da Saúde.
O supervisor comercial Frank Cunha de Carvalho, não teve a mesma sorte que a equipe. Há dois dias, ele iniciou uma peregrinação para conseguir uma drenagem de pulmão, em caráter de emergência, para a esposa Geiza Rocha Oliveira. O casal cearense já possui o documento emitido no Estado de origem, mas apesar de o documento ser “nacional”, para que Geiza seja atendida no Hospital Universitário Onofre Lopes foi necessário fazer um novo.
“É um absurdo que um cartão do sistema nacional seja rejeitado de uma cidade para outra”, desabafa o supervisor que aguardava na sede da secretaria municipal de saúde para retirar a nova identidade do SUS. A Secretaria é um dos poucos lugares em que o serviço de cadastramento é oferecido e o único, nos casos de troca de município.
A coordenadora do cartão SUS na SMS Suzy Attademo explica que uma nova emissão é necessária devido a câmara de compensação que não ocorre de forma direta. Ou seja, para que os valores do procedimento seja repassado pelo Ministério da Saúde para o município que o realizou é preciso que o cartão seja lotado naquela cidade “Do contrário, quem vai receber é a prefeitura de origem do cartão e não quem prestou assistência”, argumenta Attademo.
A deficiência de estrutura e pessoal motivou a suspensão do serviço também na unidade de saúde de Lagoa Nova, há cerca de um ano. Nos poucos onde funciona, a oferta é limitada. Como na Unidade de Saúde do Alecrim, onde o acesso é feito por distribuição de fichas apenas às quartas e quintas-feiras, segundo informou funcionário que preferiu não se identificar. Segundo a responsável pelo cartão SUS na Sesap, Betânia Lopes de Lima, chegaram ao setor denúncias de que por dia de atendimento são feito apenas oito cartões e no máximo, dois por família. “É ilegal mas tem vários item que impedem a ampliação, como falta de pessoal, acesso lento a internet. A Sesap não tem como interferir. É uma questão de gerencia e cabe a Prefeitura regularizar”, observa.
Apesar de exigido, a recepcionista Fabíola Siqueira Nunes, 31, moradora do Planalto disse não só desconhecer como também nunca ter precisado apresentar a identidade do SUS. Os serviços que ela precisou são em pronto-socorro considerados de urgência e por isso não houve impedimento.
O chefe do setor de informática da SMS Valderi Neves Beconte, estima que em até 60 dias o acesso a internet será solucionado. O prazo consiste na mudança do tipo conexão, que passa de linha discada para rádio, aguardando apenas a criação de um link por parte da empresa Cinte, vencedora da licitação para gerir o provedor. Beconte garante que todas as unidades possuem computadores e impressoras.


Ministério da saúde


A reportagem encaminhou entrevista por e-mail ao Ministério de Saúde, a pedido da assessoria de imprensa do órgão, que se limitou a emitir a seguinte nota em resposta aos questionamentos (nota na íntegra):
“O Ministério da Saúde está trabalhando para a consolidação efetiva do Cartão Nacional de Saúde. Em uma primeira etapa, o projeto prevê que o Ministério da Saúde desenvolva um sistema que possa receber informações das redes existentes em outros estados e municípios. Isso permitirá consolidar as informações nacionais sobre pacientes e atendimentos realizados no país. A próxima etapa seria a implementação de recursos de gestão e prontuário eletrônico, que permitem o acompanhamento do estado de saúde do cidadão e, por exemplo, avaliação das equipes e unidades de saúde em atuação.
A ideia é instituir um cartão com um número nacional de identificação do usuário e que contenha outras informações básicas. Para tanto, é preciso aperfeiçoar a plataforma tecnológica, possibilitando a integração e a comunicação dos sistemas públicos de saúde (União, estados e municípios). Esta política de integração é fundamental para a prestação de um atendimento de qualidade dentro de um sistema universal como o SUS.”


Fonte:Tribuna do Norte