sábado, 9 de abril de 2011

Cardiologia

Saúde - Especial Cardiologia


ARRITMIAS


O que é?


As arritmias são alterações do ritmo cardíaco normal.



Nas arritmias, podemos perceber e registrar alterações do ritmo cardíaco ou da freqüência. A freqüência normal dos batimentos cardíacos é de 60 até 100 ciclos, ou batidas, por minuto. Em crianças, esses números costumam ser um pouco mais elevados. Nas alterações de ritmo cardíaco, os batimentos apresentam alterações do tempo que decorre entre um batimento e o outro. Pequenas alterações nesses intervalos podem ser consideradas normais. As alterações do ritmo cardíaco ou das conduções dos estímulos podem ser letais (morte súbita), podem ser sintomáticas (síncopes, tonturas, palpitações) ou podem ser assintomáticas.

 
As arritmias podem ser assintomáticas ou sintomáticas, dependendo da sua intensidade e da situação clínica do portador. Corações enfermos podem tolerar menos bem uma arritmia que seria, provavelmente, assintomática para um coração sadio.


A avaliação de algumas arritmias pode ser feita pelo médico ao realizar um exame clínico. A maneira mais exata de comprovar e registrar uma arritmia é por meios eletrônicos, que vão desde o eletrocardiograma, monitores portáteis, até os equipamentos das Unidades de Tratamento Intensivo. Existem ainda os monitores de telemetria, em que o paciente usa um pequeno registrador unido ao seu corpo que transmite os sinais, via rádio, a monitores centrais. Classificação das arritmias quanto a freqüência cardíaca:


Taquicardia:


É quando o coração de um adulto bate mais de 100 vezes por minuto. Quando isso acontece ao fazer esforços é normal e, decorridos alguns minutos, esse número deve voltar a uma freqüência normal. Quando a taquicardia persiste ou está presente em repouso, pode significar alguma alteração patológica. Convém consultar ao seu médico. Note-se que taquicardia não é sinônimo de ataque cardíaco.


Bradicardia:


É quando o coração bate menos de 60 vezes por minuto. Isso em pessoas em boa forma física até pode ser normal. Com freqüências cardíacas abaixo de 60 por minuto, mesmo que seja uma manifestação transitória, é conveniente que um cardiologista seja consultado.


Classificação das Arritmias quanto às alterações de ritmo



Os batimentos cardíacos são normalmente originados em um foco localizado na aurícula direita, denominado nódulo sinusal. Os estímulos elétricos lá gerados descem até um nódulo localizado na junção das aurículas com os ventrículos. Lá a condução do estímulo sofre um pequeno retardo (para dar tempo que as aurículas se contraiam antes dos ventrículos). De lá o estímulo segue para os ventrículos, através de um sistema condutor que tem dois feixes, um para cada ventrículo, provocando a sua contração, que é denominada sístole. O período de tempo em que o coração não está em contração denomina-se diástole e é o período de repouso do músculo cardíaco.

Os estímulos cardíacos normais são produzidos no nódulo sinusal localizado na aurícula direita e desencadeiam as contrações, batidas, do coração, denominadas de sístoles. Quando esse nódulo não está ativo, por doença, por exemplo, muitas outras células do coração, localizadas em diferentes partes do coração, podem originar estímulos elétricos capazes de desencadear as batidas cardíacas. Esses batimentos originados nessas outras células são denominados de extra-sístoles, que podem ocorrer mesmo estando o nódulo sinusal ativo. As extra-sístoles produzem arritmias que nem sempre são percebidas pelos acometidos.

Podemos ter extra-sístoles originadas nas aurículas, nos ventrículos, bem como nos nódulos sinusal e atrio-ventricular, que podem superar e dominar os estímulos normalmente lá gerados. As extra-sístoles costumam ser seguidas de um período de repouso (diástole) mais prolongado. As extra-sístoles podem ser unifocais ou multifocais, dependendo dos diferentes lugares em que são geradas.

As extra-sístoles nem sempre são indicadoras de doença do coração, porém, se forem percebidas, é conveniente que um cardiologista seja consultado. As extrassistoles costumam acontecer aleatoriamente em relação às sístoles normais. Se mantiverem uma regularidade, se acontecer uma extra-sístole após cada sístole normal chama-se isto de bigeminismo, se elas acontecerem sempre depois de duas sístoles normais, falamos em trigeminismo. Extra-sistoles podem acontecer esporadicamente, considera-se que até dez por minuto nem sempre seja uma manifestação de doença cardíaca.


Fibrilação


Existe a auricular e a ventricular, dependendo de onde se originam os batimentos. A fibrilação auricular é a arritmia crônica mais encontrada. Na auricular os estímulos podem ter uma freqüência de até 600 batimentos por minuto. Desses estímulos somente alguns chegam a provocar contrações dos ventrículos, uma freqüência tão elevada não seria compatível com a sobrevida das pessoas acometidas. Já a fibrilação ventricular é mais grave por só ser tolerada se for de curta duração. O coração não é capaz de manter a circulação eficaz se a freqüência cardíaca for muito elevada. O tratamento é medicamentoso ou por cardioversão.


Flutter auricular


É uma arritmia em que em um foco ectópico das aurículas se origina de 250 a 350 estímulos por minuto, e em que de cada dois ou três, ou quatro estímulos um passa aos ventrículos. O tratamento é medicamentoso ou por cardioversão.


Parada cardíaca


É quando o coração pára de se contrair. Se a parada for de curta duração pode não ser percebida; se for de maior duração pode provocar tonturas, sincope e até morte súbita. Quando o coração pára de bater por alguns minutos, desencadeiam-se alterações nos órgãos mais sensíveis à falta de oxigênio. Desses o mais sensível é o sistema nervoso. Assim pode o coração voltar à atividade, espontaneamente ou por medidas médicas. Contudo, as alterações neurológicas já estabelecidas provavelmente serão irreversíveis.


Palpitações


O sentir dos batimentos cardíacos denomina-se de palpitações. Normalmente o bater do coração não é percebido ou sentido pelas pessoas. Em certas situações de tensão ou de esforço, podemos perceber que o coração “está “batendo” no peito ou no pescoço, o que não significa necessariamente a existência de uma doença.


Do mesmo modo, as extra-sístoles também podem ser notadas ou não pelas pessoas que as apresentam.

A melhor maneira de registrar uma arritmia é através do eletrocardiograma.



ARTERIOESCLEROSE (ou Ateroesclerose)


A ateroesclerose é o depósito no interior das artérias de substâncias gordurosas junto com colesterol, cálcio, produtos de degradação celular e fibrina (material envolvido na coagulação do sangue e formador de coágulos). O local onde esse depósito ocorre chama-se placa.


Arteriosclerose é um termo geral usado para denominar o espessamento e endurecimento das artérias. Parte desse endurecimento é normal e é decorrente do envelhecimento das pessoas.

As placas podem obstruir total ou parcialmente uma artéria, impedindo ou diminuindo a passagem de sangue. Sobre as placas podem se formar coágulos de sangue, denominados de trombos que, ao se soltarem, provocam embolias arteriais. Quando isso acontece no coração, temos o ataque cardíaco ou o infarto do miocárdio; quando no cérebro, provoca a embolia ou a trombose cerebral. Como a doença ocorre em artérias de médio ou grosso calibre, a gravidade, bem como as conseqüências, dependerão do local, mais ou menos nobre do organismo, onde o acidente vascular ocorrer.

A ateroesclerose é uma doença de progressão lenta e que pode se iniciar desde a infância. Em algumas pessoas atinge a maior intensidade de progressão na terceira década e noutras somente depois da quinta ou sexta década.

Sobre as causas do início da ateroesclerose pouco sabemos. Existem quatro teorias que tentam explicar porque a camada mais interna (endotélio) dos vasos é atingida.


A elevação da pressão arterial

A elevação dos níveis de gordura no sangue (Colesterol e triglicerídios)

O fumo. A fumaça do cigarro particularmente agride o endotélio das artérias das pernas, das coronárias e da aorta.

Ação de toxinas de origem infeciosa no endotélio das artérias.


Por só um desses fatores ou pela conjunção de mais de um deles, a camada interna das artérias fica espessada, o que diminui a luz dos vasos atingidos e a oferta de sangue nos territórios irrigados por esses vasos fica reduzida..

Passando pouco sangue, menos do que o necessário para manter a função do órgão irrigado por ele naquele momento, ocorre a isquemia, o que no coração provoca a angina do peito.

Se o bloqueio é total, quando nada de sangue passa, ocorre:


No coração, o infarto do miocárdio,

No cérebro, a trombose cerebral e

Na perna, a claudicação, se for parcial,e até a necrose com gangrena, se for total.


Os fatores desencadeantes da ateroesclerose são os mesmo citados como fatores de risco de doenças cardiovasculares.


Acidente mata motociclista no conjunto Santarém

Acidente de Moto - Natal,RN


A imprudência no trânsito fez mais uma vítima em Natal. Por volta das 9h deste sábado (9), o motociclista José Wilton Rocha, de 32 anos, morreu ao tentar ultrapassar um carro na avenida Pompeia, no conjunto Santarém, Zona Norte da capital potiguar. A violência do acidente provocou a morte instantânea do motociclista.


De acordo com familiares que estavam no local do acidente, José Wilton estaria voltando de uma festa e o destino seria a casa de sua mãe, que fica no fim da avenida Pompeia. No entanto, o motociclista, que supostamente estava sob efeito de álcool, desviou de uma bicicleta que trafegava na via e tentou uma ultrapassagem forçada. Um carro tipo Celta, de cor vermelha e placa MZL-8629, seguia no sentido contrário e colidiu de frente com a motocicleta CG de cor preta de José Wilton.




Antes mesmo que o socorro fosse chamado, José Wilton já havia morrido. Familiares foram ao local para acompanhar o Itep nos procedimentos legais, enquanto o motorista do Celta, sem ferimentos, permaneceu no ponto do acidente até o fim do trabalho dos peritos.



Papa se diz 'desolado' com massacre em escola do Rio

Atentado no Rio - Brasil


..O Papa Bento XVI se disse "desolado" nesta sexta-feira, em uma mensagem de solidariedade às famílias dos doze estudantes mortos a tiros em uma escola por um jovem de 23 anos e a toda a população do Rio de Janeiro, informou o arcebispo do Rio.


"Profundamente desolado por esse dramático atentado contra crianças indefesas (...), o Santo Padre deseja exprimir sua solidariedade e levar seu conforto espiritual às famílias que perderam seus filhos e a toda comunidade escolar", disse o papa nesta mensagem do Vaticano dirigida ao arcebispo do Rio, Monsenhor Orani Joao Tempesta.



 
Nesta sexta-feira, onze alunos ainda estão hospitalizados, entre eles quatro em estado grave. As vítimas mortas ontem em Realengo foram enterradas em três cemitérios da cidade.


O papa fez "votos pela rápida recuperação dos feridos" e "convidou todos os cariocas (...) a dizer não à violência que constitui um caminho sem futuro e a procurar construir uma sociedade fundamentada na justiça e no respeito ao próximo, sobretudo, aos mais fracos e indefesos.




quarta-feira, 6 de abril de 2011

Médicos paralisam atendimento aos planos

Saúde - RN

Planos de Saúde paralizam atendimento no RN


Os médicos do Rio Grande do Norte credenciados na rede de saúde suplementar vão aderir nesta quinta-feira, 7, ao “Dia Nacional de Paralisação”, como forma de alertar as operadoras dos planos de saúde quanto a necessidade de melhorias contratuais e na prestação de serviços aos usuários. “Nós temos quatro anos que não conseguimos avançar em absolutamente nada”, diz o presidente da Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN), Álvaro Barros.


Presidente da Associação Médica, Álvaro Barros, diz que negociações com planos não avançam


O foco da paralisação no Estado e no país, segundo Barros, tem dois aspectos que considera importantes, primeiro o poder econômico das operadores, “que se organizam como um cartel”, pois os médicos “não podem reivindicar e colocam pra fora os profissionais na hora que eles querem e quando bem entendem”.



Em segundo lugar, denuncia Barros, as operadores realizam “glosas injustificada do faturamento” dos serviços prestados pelos médicos: “Os planos de saúde não pagam com justificativas na maioria das vezes irreais, fazem caixa com o dinheiro de todo mundo”.


Álvaro Barros disse que não tinha como precisar uma comparação entre o que é pago pelas operadores aos médicos no RN em relação a outros estados, mas garantiu que na região Norte e Nordeste “a defasagem é grande comparada a estados mais desenvolvidos”.


Para o presidente da AMRN, é preciso se fazer uma redistribuição econômica e reavaliar o poder econômico das operadoras, tendo em vista que a diferença entre os percentuais de reajustas do que é pago às operadoras pelos usuários e o que é repassado de honorários e procedimentos médicos é bem inferior. Por isso, explicou Barros, diversas entidades médicas estiveram ontem de manhã, no Ministério Público, pedindo apoio ao promotor de Defesa do Consumidor, José Augusto Peres Filhom, para intermediar uma futura negociação de contratos com os planos de saúde. “O promotor considerou legitima a paralisação e nós deveremos ter uma pauta de negociação mediadas com a presença do Ministerio Publico até do Poder Judiciario”, acrescentou ele, para alertar que outra característica das operadoras “é fazerem acordos que não cumprem”.


Barros explicou que da parte dos médicos, os consumidores não tem tido prejuízo nenhum, mas lembra que as operadoras estão comercializando planos, por exemplo, com mensalidades variáveis a partir de R$ 38,00 e R$ 40,00: “Como é que vão poder cobrir uma assistência em medicina com os avanços dos tratamentos que temos hoje, é preciso que se repense isso”.


“Não estou generalizando, tem exceções, mas essa é a prática dos planos de saúde, botam os pacientes para andar e restringem absolutamente tudo”, conclui Barros.


Programação


Durante a paralisação de advertência de amanhã, os médicos não realizarão consultas e outros procedimentos eletivos objeto de contratos com todos os convênios de seguro saúde. No entanto, o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, disse que para os usuários não terem prejuízo, os pacientes previamente agendados terão seus compromissos remarcados e os casos de urgência e emergência serão devidamente tratados.


A paralisaçã começa às 8 horas de amanhã, com panfletagem me carros de som na Praça 7 de Setembro, em frente a Assembléia Legislativa, onde, às 10 horas, ocorrerá uma audiência pública. À tarde, os médicos visitarão hospitais e clínicas, para verificar o andamento da paralisação. Às 19 horas, na Associação Médica, avaliam os próximos passos do movimento.


Ministério Público vai intermediar


O promotor de Defesa do Consumidor, José Augusto Peres Filho, disse não ser papel de sua promotoria intermediar negociação profissional - “mas como temos feito isso outras vezes” -, ele terminou afirmando que vai trabalhar na perspectiva de um eventual acordo entre os médicos e os planos de saúde, porque no meio disse tudo está o consumidor, “que poderá ser o mais prejudicado”.


Peres Filho informou que os médicos ficaram de enviar até a próxima segunda-feira, dia 11, a documentação necessária sobra as questões levantadas pela categoria, que estima em R$ 60,00 o valor mínimo a ser pago por cada consulta.


O movimento dos médicos aponta como meta o honorário de R$ 80,00 por consulta, além do reajuste dos demais procedimentos.


Consultas


Atualmente, a maioria dos planos de saúde paga entre R$ 25,00 e R$ 40,00 por consulta. Esses valores mudam de região para região e simbolizam a indiferença dos planos para com os profissionais que respondem pela saúde da população.


O promotor disse que, “pelo preço da fatura que foi passada” pelos médicos, paga-se de R$ 7,0 a R$ 8,00 a um médico que põe um gesso no braço fraturado de uma pessoa.


“Nós vamos instaurar um plano de negociação para evitar a paralisação total ou o desligamento dos médicos dos planos de saúde”, disse Peres Filho, a fim de que o usuário dos planos de saúde não termine sendo o principal prejudicado com o problema.


Exames de Alta Complexidade 2

Saúde - RN

Pagamento Efetuado

Depois de 06 dias fora do ar por falta de pagamento,o programa SIGUS que cadastra os pedidos (apac´s)de exames de alta complexidade de todas as cidades do Rio Grande do Norte voltou ao seu funcionamento normal nesta terça feira.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Exames de Alta Complexidade

Saúde - RN


SISTEMA EM MANUTENÇÃO ADMINISTRATIVA

Esta e a mensagem que aparece na tela do computador de todas as Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte quanto tentam requisitar um exame de alta complexidade
Senhora Governadora pague aos operadores do sistema para que a população volte a ter acesso aos exames de que tanto precisam.

Centro Clínico da Ribeira acumula problemas de infraestrutura

Saúde - RN

Sara Vasconcelos - Repórter




Problemas de infraestrutura e falta de medicamentos comprometem o atendimento no Centro Clínico José Carlos Passos, na Ribeira. Mofo e infiltração é visto em boa parte dos consultórios, sobretudo nos odontológicos.

Além dos problenmas estruturais, Centro Clínico também sofre com falta de medicamentos

O prédio abriga os serviços do Centro Odontológico Morton Mariz, desde que a unidade foi interditada há dois anos. Nos consultórios, além da escassez de alguns materiais como máscara e luvas, o mofo e a fiação exposta é um ponto questionável no atendimento.

“Se fosse um consultório particular a Covisa já tinha interditado por falta de condições sanitárias, mas como é da Prefeitura a gente tem que trabalhar aqui”, denuncia um dentista que preferiu não se identificar.



A parte anterior do prédio, onde funcionava diversos serviços está há cerca de quatro meses interditada pela Covisa, devido ao risco de desabamento. O madeiramento está corroído pelo cupim. Com o fechamento, a sede do Distrito Leste, setor de acolhimento da Policlínica, Programa de Saúde mental, farmácia e arquivo foram improvisados em outras salas.


Pacientes do serviço de saúde mental e de outras unidades padecem há quase dois meses em busca de medicamentos, isto porque a farmácia está desabastecida de medicamentos psicotrópicos. Da lista colada na parede da farmácia mais de 50% ostentam um "F" de falta.


“Venho aqui há dois meses e não consigo receber remédios para depressão”, disse a dona de casa Francisca Pereira de Oliveira. “É o mesmo tempo que não recebo os de osteoporose”, acrescenta a aposentada Expedita Maria da Costa.

domingo, 3 de abril de 2011

Crianças em UTIs, mães sofridas

Saúde - RN


Margareth Grilo - repórter


Joana Darc não esquece o dia em que levou o filho Artur, com seis meses de vida, às pressas para o hospital. Ele tinha dificuldades de respirar. Ficou oito dias internado. Três meses depois veio uma segunda crise respiratória. Estava de volta ao hospital. Desta vez, da emergência ele passou à Unidade de Terapia Intensiva. Foi entubado. Meses depois foi submetido a uma traqueostomia. No dia 20 de dezembro de 2010 completou 3 anos. Como toda criança, teve direito a bolo, presentes e parabéns pra você. Entre os convidados, além dos familiares, estavam enfermeiros e médicos - todos da equipe do Hospital Infantil Varela Santiago, onde ele chegou ainda bebê e não saiu mais.


Vítima de atrofia espinhal, está há dois anos e seis meses preso ao leito de número 03 da UTI. Artur se comunica com o olhar e com os dedinhos da mão direita. Joana D’arc Alves da Silva – a mãe de Artur - compreende ao menor gesto ou olhar o que o filho deseja. “Ele interage muito bem. Entende o que se passa a sua volta. Fica feliz quando estou por perto. À noite quando vai dormir pede pra eu ficar segurando o pé dele”. Aos 26 anos, ela vive em função de Artur.


Na UTI de um dos hospitais da rede pública João (nome fictício) acompanha tudo com o olhar. Nada lhe passa despercebido

A vida mudou. Os planos foram interrompidos. Há um ano separou-se do pai de Artur. Foi preciso reorganizar a dinâmica familiar, até porque tem um outro filho – Kauan, de cinco anos - que cobra sua presença, carinho e atenção. “Tenho que conciliar o tempo entre Artur, que precisa muito de mim, e Kauan que sofre com a ausência, se sente só e reclama. Essa cobrança é muito ruim”, relata. Joana D’arc pertence a um universo invisível para quem está só de passagem por um hospital. As mães de UTI, como ela, são mulheres que saem pela porta da maternidade sem seus filhos nos braços ou se veem obrigadas a devolvê-los aos cuidados da medicina, como no seu caso.


Emocionada (por vários momentos, chorou durante a entrevista) ela conta que, todos os dias, pede a Deus que lhe dê força para continuar presente na vida dos dois. “Sou uma pessoa extrovertida, mas por dentro só Deus sabe o que passa. É muito difícil saber que meu filho não vai sair daqui, a não ser quando Deus o levar. Mas não posso me entregar. Minha vida continua, por eles. E a responsabilidade é só minha”, diz, enquanto para para se acalmar.


O aniversário de Artur é sempre um misto de choro e a alegria. “Faço questão de no aniversário dele e nessas datas comemorativas estar com ele. Não sei se ano que vem ele vai estar entre nós”, diz ela, dando uma pausa pra se recompor. Minutos depois, continua: “Meu maior desejo era que existisse uma cura para doença do meu filho”.


Além do drama de ter um filho na UTI há mais de dois anos, sofre com as dificuldades da rede pública de saúde. Há dias, Artur aguarda para fazer uma ultrassonografia. Como não pode sair do hospital, o equipamento precisa ser deslocado até o hospital, mas não há previsão pra que isso aconteça. “O médico já disse que se ele não fizer o exame pode morrer porque não tem como diagnosticar o problema e fazer o tratamento adequado”.


A angústia de conviver com a dúvida


Aos 19 anos, Carla Santana dos Santos teve a vida suspensa pela ameaça permanente que paira sobre seu filho. Não tem vida fora da UTI do Hospital Maria Alice. Lá está o que tem de mais precioso: Kayke Kelvin, um bebezinho de 6 meses. Preso ao leito 06, há três meses, fora o tempo de internação em outros hospitais, Kayke teve um cisto pulmonar. Antes, o garoto teve internado um mês no Hospital Walfredo Gurgel.


“Estou dentro de hospital com ele desde o dia que ele nasceu”, conta Carla. Segundo ela, logo no primeiro mês de vida Kayke apresentou uma dermatite, seguida de problema respiratório. Inicialmente, o diagnóstico era de uma pneumonia. Ele fez vários tratamentos e nebulizações, sem melhoras. Veio a internação e um raio-x identificou um cisto broncogênico. Em quatro meses, o garoto passou por duas cirurgias – para a retirada do cisto e do lóbulo superior e médio do pulmão direito, em decorrência de uma fístula pulmonar. Hoje, Kayke está na UTI, com dreno torácico e suporte de oxigênio.


Apenas o pulmão esquerdo funciona bem. Kayke aguarda nova cirurgia para retirada do lóbulo inferior do pulmão direito, que já apresenta fístula pulmonar, e limpeza da cavidade pulmonar. É um quadro estável, mas com prognóstico delicado, que exige muitos cuidados, dizem os especialistas.“


No começo Carla Santana ficou desesperada. Com o passar dos dias e meses a dor deu lugar a angústia. “Hoje o que mais me deixa angustiada é que os médicos não explicam direito o quadro de saúde dele, o que vão fazer. Tenho medo que ele morra de uma hora pra outra”, diz a jovem, que não sai do lado do filho. Ele sente e cobra a presença da mãe. “Eu converso com ele, faço carinho, evito chorar perto dele. Quero que ele veja e sinta que estou perto dele”.


As enfermeiras comentam – conta a jovem – que sempre que ela sai, por alguma razão (para almoçar, tomar banho ou mesmo dormir um pouco) Kayke chora bastante. Hoje, Carla vive na Casa do Aconchego – uma área modesta montada pelo hospital Maria Alice para apoio às mães que tem filhos em UTI. Divide o único quarto, com outras mulheres na mesma condição. Tem noite que sai do lado do filho às 22h.


“Minha vida era tranquila, eu trabalhava como babá. De repente mudou tudo, quase não vou pra casa. Vivo pra ele e não tem como ser de outra forma. Prefiro ficar aqui, perto dele, do que em casa, pensando o tempo todo se ele está melhor, se piorou. Sei que minha força ajuda ele a ficar bem”, conta a paraibana, que mora em Natal desde o nascimento de Kayke. É evidente a calma do garoto quando ela está por perto. Carla diz que se angustia com a gravidade do quadro de saúde do bebê e, às vezes, se desespera. “Sei que não posso me desesperar. Isso não é um sonho que vou acordar e vai estar tudo bem. Tenho que viver essa realidade, mesmo que seja difícil”, constata ela, entre lágrimas. A angústia aumenta quando vê outras mães saindo com seus bebês, já sadios. “Nós continuamos aqui. É doloroso, mas se tiver que ficar por aqui seis, sete meses ou mesmo o tempo que for, eu fico. Só quero que ele saia daqui com saúde”.


bate papo - Luciana Carla Barbosa de Oliveira » psicóloga do Hosped da UFRN


O que produz o contato da mãe com o bebê?


É essencial a presença da mãe ou de alguém que tenha uma relação significativa de vínculo com a criança porque a criança se sente segura. A hospitalização já é um processo traumático, com uma quebra do desenvolvimento então se a criança não tem esse apoio fica mais difícil pra ela.


Quando a hospitalização é superior a dois meses como amenizar as angústias, o sofrimento da mãe?


Nós procuramos, através da psicologia, diminuir esse sofrimento e trazer para o ambiente hospitalar propostas de intervenção, para a mãe e para a criança, que ajudem a tornar esse ciclo minimamente traumático. Muitas das mães não tem suporte emocional para aquele momento. Na verdade, a mãe adoece junto com a criança.


Como trabalhar a criança e a mãe?


Nós procuramos trabalhar com o lúdico, utilizando instrumentos da rotina da hospitalização no brincar. Nesse momento, observamos como a criança está lidando e compreendendo essa nova realidade.Elas estão num ambiente estranho, ligado a dor, com pessoas que não conhece, então tudo que fizermos para nos aproximarmos delas e das mães, vai ajudá-las a entender esse universo e se adaptar mais facilmente.


Como ficam o desejo e os sonhos dessa mulher?


Essa mãe tem uma vida de renúncia, a partir do momento que o filho entra numa internação prolongada, seja ela em UTI e enfermaria. Naquele momento, o filho é o que importa. Ela deixa de ter uma vida lá fora. Muitas vezes, dependendo do tempo e da patologia, ela se sente culpada, fica fragilizada e deprimida. O importante é fazer um bom acolhimento dessa mulher; procurar ajudá-la a se reorganizar; e fazer um trabalho para reduzir a depressão, que existe em muitos casos.


Nessa situação de enfrentamento da morte e de muitos conflitos internos e externos, como essas mulheres podem reencontrar o equilíbrio?


Primeiro de tudo, é imprescindível que ela tenha um suporte familiar. Se a relação não está fragilizada, ela consegue passar por essa fase de hospitalização do filho, de forma mais tranquila. Mas, em muitos casos, o divórcio acontece, ela se desestrutura e ai precisa ter orientação psicológica e emocional. O apoio da família, o fato de ter pessoas que possa ajudar revezando no hospital, isso pode ajudar muito.


Que consequências pode ter o abandono de bebês por suas famílias?


Acontece o que chamamos de sensação de abandono. A criança em longa internação que perde o contato com a família, principalmente com a mãe, fica extremamente insegura e é comprovado que ele demora mais a aceitar o tratamento. Na maioria das vezes, se os pais não estão por perto a criança não adere ao tratamento. Os pais precisam ter consciência de são co-responsáveis.


Mulheres com alma marcada pelo sofrimento


Qualquer um que venha a conhecer uma UTI, e não só de passagem, sabe do que Joana D’arc e Carla estão falando. Criança em UTI é sinônimo de mães angustiadas, ávidas por felicidade ao lado dos filhos. É uma experiência única, que marca indelevelmente a alma humana. Foi assim com Aline Medeiros.


“É muito difícil ter um filho internado na UTI. São momentos solitários, que a gente precisa aprender a lidar com os próprios limites”, diz a enfermeira Aline Medeiros 28 anos. Há exatos oito anos, ela precisou largar tudo, para cuidar do filho, um recém-nascido prematuro, na UTI da Maternidade Januário Cicco.


“Imagine eu mãe de primeira viagem, com 20 anos, e um filho prematuro. Fiquei apavorada, a cabeça ficou a mil, mas tinha que me ligar, ficar atenta somente a ele. E tive que dar conta de tudo sozinha porque naquele tempo não tinha acompanhante”, relembra. O drama levou Aline a seguir carreira na enfermagem. Hoje está do lado oposto, orientando mães de UTI.


Oito anos depois, sadio e bem esperto, Renan sempre pede para conhecer o lugar onde ficou por três meses. “Levo foto das crianças e ele fica curioso, quer vir. Um dia vou trazer”, diz ela. Aline se especializou na assistência Neonatal e hoje é voluntária na maternidade onde o filho nasceu.


Equilíbrio


Para Joana D’arc, outra dificuldade é saber equilibrar a atenção que dá a Artur, o pequeno internado, e os cuidados que precisa ter com Kauan. Em casa, ele cobra a presença da mãe, carinho e atenção. E sempre faz planos para quando o irmão voltar. “Ele fica fazendo planos, diz que vai ensinar Artur a correr de bicicleta. Eu fico sem saber como agir, o que dizer. É muito difícil”. Nos primeiros meses da internação, Joana ficou direto no hospital, mas há meses resolveu se dividir entre a casa e o hospital.


Na quarta-feira, 30, ela passaria a tarde e a noite ao lado de Artur. “Aqui ou em casa, sempre vai estar faltando alguma coisa. Ninguém sabe como é essa dor”. Artur respira com suporte de ventilação mecânica e dreno. No dia da entrevista Artur já estava há 26 dias sem se alimentar e, por isso, está submetido à um dieta parenteral, o que aumenta a preocupação da mãe e da equipe médica.


Nessas horas, Joana D’arc não sai de perto. “Ele só tem a mim para defendê-lo, para cobrar uma boa assistência pra ele. Em nenhum momento penso em sair do lado dele. Tem três dias que estou direto”, conta. Sem ter como trabalhar, Joana tem ajuda da mãe e do atual companheiro – o pai de seu primeiro filho. “Tem dias que a ficha cai e choro tanto, mas não deixo que ele veja. Sei que ficaria triste. E ai me recomponho pra seguir em frente”.


Dicas - Questione sempre.


- Você pode e deve questionar bastante, mas confie na equipe.


- A informação sobre seu bebê deve ser pesquisada sempre com o médico dele. Cada caso é um caso. Cada criança (até com o mesmo caso clínico) é de um jeito e responde aos remédios de maneiras diferentes.


Ame seu bebê.


- Cante para seu bebê. Repita as frases e músicas que você cantava durante a gestação, assim ele se sentirá mais seguro.


- Converse com ele, isso faz com que ambos fiquem tranquilos e unidos.


- Algumas UTIs permitem a entrada de livros. Se puder, leia coisas otimistas, conte histórias. Isso ajudará a distraí-la e a acalmar o bebê.


- Quando for ver seu bebê, procure não chorar perto dele, assim ele não perceberá seu desespero e insegurança, naturais e esperados nessa situação, e se sentirá mais confortável.


Tenha atitude positiva.


[Fé + esperança = atitude positiva]. A fé é um dos mais preciosos. Ajuda a nutrir a esperança e é graças a ela você levantará cada dia com forças renovadas e vai pode agir melhor.


Não esqueça de você.


Por mais difícil que pareça e por mais culpada que você possa se sentir, não esqueça de que se cuidar é fundamental. A criança precisa da mãe saudável, bem alimentada, forte e com a cabeça o mais tranquila possível.


Estimule o pai a participar.
- É importante para o pai saber que a mãe valoriza sua presença na UTI.
- Por mais difícil que seja, visite seu filho, mostre interesse, demonstre amor, carinho e confiança na recuperação da criança.


UTI: lugar que testa os limites de mães, pais e médicos


Na UTI de um dos hospitais da rede pública João (nome fictício) acompanha tudo com o olhar. Nada lhe passa despercebido. Enquanto a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve nessa UTI ele acompanhou os movimentos de quem passava a sua frente, observando as pessoas estranhas à equipe a qual está acostumado há seis anos. João tem atrofia espinhal, doença que atinge 1 em cada 10 mil nascidos vivos, e está preso a um leito de UTI desde o nascimento. Respira com ajuda de suporte de ventilação mecânica. Nos últimos anos, pouco vê a família, segundo relato da equipe médica, assistentes sociais e de enfermagem do hospital. A última visita da mãe foi no dia 03 de janeiro data de seu aniversário.


Essa não é a única situação. Existe, pelo menos, mais um caso semelhante. Um garoto que está há 3 anos e 9 meses no Varela Santiago, portador de anoxia. “Muitas vezes, sem esperança de que cura, a família deixa a criança aos cuidados dos médicos. Ela confia”, diz uma das diretoras do Hospital Infantil Varela Santiago, Águeda Maria Trindade Germano.


Em 30 anos de pediatria ela já viu muita coisa. “o ambiente de UTI é um lugar que testa os limites humanos. Todos - mães, pais e médicos, mesmo os mais experientes, somos testados, minuto a minuto”, diz a médica. A mulher explica, se sente dividida em relação aos outros filhos e conciliar isso é o mais difícil. Muitas não conseguem e se afastam do filho doente.


A técnica de enfermagem, também formada em Ciências da Religião, Juna Maria Fernandes Pinheiro, diz que já viu grandes desabafos. “Nessa jornada difícil, é preciso dizer a essa mulher que ela não está sozinha. É preciso que toda a equipe ajude a socializar essa mãe no espaço hospitalar”, orienta. Juna diz que o acolhimento deve acontecer em todos os aspectos da vida humana, principalmente o espiritual, “promovendo um diálogo da esperança para essa mulher tão fragilizada”. Segundo pesquisa da USP, o índice de depressão e divorcio é alto. No caso da depressão, 44% das mães sofrem de depressão e ansiedade; e 70% enfrentam a separação, quando a internação do filho é superior a um ano.


Joana D’arc sabe bem o que é isso. Há um ano se separou do pai de Artur. “Se a mulher não tiver uma base forte na relação, tudo acaba, porque no meio desse clima pesado, tenso e quando volta pra casa no dia seguinte vai meio deprimida, chorava muito. Meu marido não entendia isso e o casamento terminou”, relata.